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sábado, 18 de dezembro de 2010

Walden, de Thoreau - Nona Parte - Final


A 30 minutos de Boston, Thoreau repousa em sua Concord natal, no cemitério de Sleepy Hollow,onde os carvalhos inundam de amarelo a paisagem de outono.


VIDA !

"Fui para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontrar-me apenas com os fatos essenciais da vida e ver se podia aprender o que tinha de ensinar, em vez de descobrir na hora da morte que não tinha vivido.
Não desejava viver o que não era vida, a vida sendo tão maravilhosa, nem desejar praticar a resignação, a menos que fosse de toda necessária.
Queria viver em profundidade e sugar toda a medula da vida. Viver tão vigorosa e espartanamente a ponto de pôr em debandada tudo o que não fosse vida, deixando o espaço limpo e raso; reduzindo-a a seus elementos mais primários e, se esta se revelasse mesquinha, adentrar-me então em sua total e genuína mesquinhez e proclamá-la ao mundo; e se fosse sublime, sabê-la por experiência."


CONTEMPLAÇÃO

"No primeiro verão não li nenhum livro; cuidei dos feijões. E muitas vezes fiz até coisas melhores. Houve ocasiões em que eu não era capaz de sacrificar a beleza do momento presente a qualquer trabalho intelectual ou manual.
Gosto de uma larga margem para minha vida. Às vezes, numa manhã de verão, após o banho de praxe, do amanhecer ao entardecer sentava-me na ensolarada soleira, absorto num devaneio, em meio aos pinheiros, nogueiras e sumagres, em completa solidão e serenidade.
Crescia eu nessas temporadas que nem o milho durante a noite, e elas eram melhores que qualquer outro trabalho feito com as mãos. Não representavam tempo subtraído à minha vida.
Percebia o que os orientais chamam de contemplação, bem como renúncia aos trabalhos. O dia avançava como a iluminar algum trabalho meu; era manhã, e vejam, já é noite, e nada de memorável acontecera.
Sem dúvida, isso para meus concidadãos era pura ociosidade; mas se eu fosse julgado pelo padrão dos pássaros e das flores não seria condenado. É bem verdade que um homem deve encontrar razões em si mesmo.
O dia natural é muito calmo e dificilmente reprovará a indolência do homem."


DESOBEDIÊNCIA CIVIL

"Se a natureza de uma lei exige que você seja um agente da injustiça com o próximo, então eu digo: quebre a lei !"


FIM

"E assim se desenrolaram as estações a caminho do verão, como alguém que passeasse entre ervas cada vez mais altas.
Dessa maneira completou-se meu primeiro ano de vida nos bosques; o segundo foi semelhante. Por fim deixei Walden, a 6 de setembro de 1847."


No despojamento de seu túmulo, em que apenas está grafado seu nome, os admiradores de Thoreau deixam como lembranças poemas ou ramos, flores e seixos colhidos na natureza local.

Postado por Enéas M.F.

2 comentários:

  1. olá, enéas:
    que ótima série sobre walden!

    criei um blog chamado "lendo walden", com notas de leitura e pesquisas que fiz durante a tradução da obra.
    se quiser visitá-lo, o endereço é http://lendowalden.blogspot.com

    abraço
    denise

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