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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O som da cidade na arte de Galvão Frade

Arte: Benito Campos
   Para muitos, a graça do Carnaval de São Luiz do Paraitinga está na singularidade de suas marchinhas e no colorido do chitão das fantasias.Para outros, ele encanta ao destacar lendas, mitos regionais e o rico folclore, além dos personagens do cotidiano. Na verdade, isso tudo combinado é festa que contagia pela sua espontaneidade e despojamento, resultando numa versão das mais originais desta folia brasileira.
   Mas nem sempre foi assim. Durante muito tempo a cidade viveu sem o brilho de sua grande festa profana, devido ao capricho de um padre, que por excesso de zêlo com a integridade de seu rebanho, inibiu tão ingênua diversão dos bailes do clube. Após sua morte, porém, foi o Carnaval o único a ressuscitar plenamente em 1981, desfrutado com a inocência perdida, desta vez nas ruas centenárias e ao abrigo do casario colonial.
    Para realçar ainda mais o viés de originalidade desta folia, a marchinha feita à maneira luizense foi sendo adotada como o rítmo oficial, desde o surgimento dos primeiros blocos. Estima-se que já foram feitas quase duas mil composições por artistas locais. O que se sabe com segurança, é que Galvão Frade, mestre da viola com inúmeros CD's, responde pela autoria da maior parte delas, que animam as principais agremiações.
   No ressurgimento da festa, nos anos 80, Galvão,na companhia dos mais talentosos músicos locais, veio a integrar o recém-formado Paranga, um gupo dedicado à renovação da MPB e grande responsável pela difusão da marchinha no Carnaval dessas paragens.
   Nas últimas três décadas, suas composições estiveram presentes no Festival das Marchinhas, realizado anualmente, tendo ele próprio organizado e produzido o evento em mais de 15 edições do concurso.  
   Enquanto as marchinhas iam se consolidando, a congada, o moçambique e o jongo, que embalam a tradição do vale do Paraíba, foram sendo igualmente introduzidos à festa, com uma levada carnavalesca peculiar. Mais uma vez Galvão, que há muito também se dedica a compor, preservar e difundir a moda de viola, contribuiu na incorporação desses novos rítmos entre os blocos que iam se multiplicando.
   Para comemorar 30 anos na passarela da cidade, Galvão Frade promoveu uma comemoração especial em fins de 2010, que se estendeu até o Carnaval seguinte. Formou-se o grupo Desemboca, com 19 integrantes, entre músicos, carnavalescos, amigos e familiares, que apresentou um pout pourri com 36 composições, as mais populares marchinhas e marchas ranchos de sua autoria.

  Ouça abaixo duas músicas de Galvão. A moda de viola "Oreia o Toro" e a marcha rancho "Lua Fulô".

Galvão Frade - Oreia o Toro:


Galvão Frade - Lua Fulô:


Postado por: Enéas M.F.